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25 boas razões para se estudar história

Hoje senti aquele apelo à escrita. Uma vontade daquelas que tem que ser satisfeita. 
Hoje comemorou-se o 25 de abril. O dia que representa, na nossa história recente, o dia da Liberdade. Apesar da maior parte das pessoas nem saber o que, efetivamente, liberdade quer dizer. O conceito é muito mais profundo e humano do que apenas a mudança (para muito melhor) de um regime politico. Vejo pessoas idosas a chorarem de emoção quando falam e comemoram este dia e o conceito inerente. E vejo gaiatos de 15 anos a dizerem (como se por lá tivessem passado) que antes é que era bom. Umas das coisas que mais me enerva é a leviandade com que se tratam assuntos e com que se opina sobre experiencias que nunca se teve. É que me deixa os nervos em franja!!!
A Liberdade é um valor inviolável. A Liberdade interna de se ser quem se é. E a Liberdade externa de se ser aceite pelo que se é. (Desde que tudo isso não faça mal a ninguém nem esbarre com a liberdade do outro, claro está). Sentir-se livre e considerar o outro, igualmente, um Ser livre, é um dos maiores sinais de evolução humana. Só somos pessoas, se formos livres. Livres para SER. Com tudo o que isto implica e contempla.
O dia  25 de abril também é comemorado em Itália. Também comemoraram à janela, como nós, portugueses. (À exceção dos nossos políticos, que  nos pedem uma coisa e fazem outra. Uma vergonha! Em vez de ficarem nas suas casas, foram para a Assembleia da República discursar. Os líderes deveriam dar o exemplo. Felizmente, é a voz do povo que chega ao Céu). Mas andando na conversa e voltando a Itália, um país que mora no meu coração. Foi muito emocionante vê-los às janelas, a cantar o seu Hino. É que em Itália, comemora-se uma coisa ainda mais extraordinária: o dia da libertação. Não há Liberdade sem Libertação. No dia  25 de abril, os italianos comemoram a libertação da invasão Nazi. Até me custa escrever esta palavra, tanta é a maldade que ela representa. 
Neste ano de 2020 assinala-se os 75 anos da libertação dos prisioneiros de Auschwitz. O campo de concentração mais mortífero do regime. Foi uma indústria preparada para matar pessoas, a tal solução final de Hitler. Havia uma estatística  e um cronometro para medirem quanto tempo levavam a gaseificar e a cremar o maior número de pessoas possível. Mais de 1 milhão  foram brutalmente assassinadas lá. Tenho andado a educar a minha alma e a minha humildade, ouvindo testemunhos de sobreviventes (já muito velhinhos) e a rever documentários sobre o que lá se passava. Choro sempre. Como foi possível? Como é que seres humanos foram capazes de fazer o que fizeram a outros seres humanos? Como foi possível, num passado tão recente, desumanizar e desdignificar tanto a vida humana? Vale a pena pensar sobre o assunto e ouvir os relatos na primeira pessoa. Principalmente quando estivermos aborrecidinhos da vida por estar confinados ao conforto dos nossos lares. Vale a pena ir verificar como é que eram transportadas as pessoas, de comboio para mercadorias e gado, até aos campos de concentração. Os vagões eram fechados na lotação máxima possível, quando já não cabia mais ninguém em pé. Sem água, sem comida e sem casa de banho. Homens, mulheres, crianças e bebés. A viagem até Auschwitz durava 3, 4 ou 5 dias, sem paragens, dependendo de onde era a partida. Ninguém me venha dizer que a sua casa é apertada ou o seu sofá é muito pequenino para se estar de quarentena por causa do COVID19. Quando chegavam ao campo de concentração, os que não tinham morrido no caminho, eram colocados em duas filas. A da direita e a da esquerda. Uma era direta para as câmaras de gás. A outra para os trabalhos forçados. Isto resumindo a coisa. Em 40 minutos despachavam uma fornada, desde o gás até o fumo sair pelas chaminés. Os nazis eram muito eficazes. Há homens que, sobrevivendo aos trabalhos forçados, à fome e às temperaturas de -20 graus, foram salvos pelas tropas aliadas com um peso de 28 kg. E contam que a bacia que tinham para fazer as necessidades durante a noite era a mesma que servia de prato para comerem a unica refeição do dia. Parca, podre e como cães: de joelhos e sem talheres. Quem tiver chateado de estar em casa e de estar em engordar com a comidinha caseira, vá ler uma coisas sobre o nazismo, ouvir uns testemunhos e ver uns documentários que é para lhe passar as frescuras.

Se me pedissem para reduzir a instrução/escolaridade básica de todos os cidadãos do mundo a 3 disciplinas apenas, eu escolhia as seguintes: a Língua Materna, uma Língua Estrangeira Universal (pode ser o Inglês) e a História. Era suficiente. Saber ler, escrever e interpretar na língua materna é fundamental. É onde nasce o sentimento de pertença. É pertencer a uma família alargada que partilha o mesmo território e o mesmo património cultural. Quem tem uma língua, tem uma pátria. Nunca é órfão de terra nem de identidade. Uma língua estrangeira universal permite que o cidadão de um país seja um cidadão do mundo, ultrapassando as barreiras físicas e as fronteiras. Vai além-mar e além montanhas. As Línguas são as bases para a mais importante e universal das disciplinas: a História. Assim de repente, lembro-me de umas boas 25 razões para se estudar História (à séria, sem facciosismos, com isenção e amplitude):

1. Aprende-se de onde se veio, as raízes.

2. Compreende-se o contexto onde se está, no presente.

3. Ajuda a decidir para onde se quer ir, no futuro.

4. Compreendem-se as nossas origens mias profundas.

5. Combate-se a ignorância que é um dos maiores males do mundo e uma das raízes do medo.

6. Conhece-se o outro e as suas origens. Estudam-se as seus pontos de vista e as suas razões.

7. Conhece-se as diferenças entre os povos, as diferenças de costumes e de culturas e aprende-se como isso é bom.

8. Alargam-se as vistas e os horizontes.
 
9. Estudam-se todos os outros ramos do conhecimento: a filosofia e os grandes pensadores, as artes, as literaturas, o teatro e a música.
 
10. Estuda-se astronomia e matemática. Passa-se pelas arquiteturas e pela ciência. Em que disciplina é que se estuda o Darwinismo e quem foram Newton e Lavoisier?
 
11. Se se souber história, percebe-se um bocadinho de tudo. E sabe-se de como as coisas evoluíram. O conhecimento não é partido às postinhas, é universal. É uno. Nós só o partimos para poder dar conta dele. Dividir para reinar. Mas até isso aprendemos com a História. 

12. Aprendemos que 12 é uma dúzia, e que era uma das bases numéricas da civilização Suméria. Afinal, para sabermos contar também convém saber de onde é que os números vêm.

13. Sabemos que o número 13 é considerado o do azar porque foi num dia 13, sexta feira, que foram mandados extinguir (à bruta) os Templários.
 
14. Se estudarmos história sabemos que o mundo é redondo, porque é que existe a lei da gravidade e porque é que tudo é relativo.
 
15. Mais do que saber que tudo é relativo, é saber que tudo depende da perspetiva pela qual estamos a olhar. O Einstein era um génio das ciências mas também um génio enquanto humanista. Ensinou-nos uma das melhores lições de todos os tempos: tudo depende do ângulo e da lente pela qual estamos a olhar. Saber história faz com que possamos ver pelos olhos dos outros e mudar de lente com a frequência que for considerada necessária.

16. Se estudarmos história conseguimos conhecer as maiores maravilhas criadas pelos seres humanos. As tais que são património mundial.

17. Se soubermos história, conhecemos uma pouco da biografia dos seres humanos mais emblemáticos e carismáticos que pisaram esta terra de Deus.
 
18. Se soubermos de história podemos conhecer os pensamentos dos grandes pensadores e refletir sobre elas. E admirá-las, encaixá-las e até segui-las.

19. Se estudarmos história, conhecemos as maiores atrocidades que foram cometidas ao longo dos tempos, desde que os homens são supostamente racionais.

20. Se estudarmos um pouco de história, sabemos as causas que levaram a que fossem cometidas as tais atrocidades. Para não as repetirmos.

21. Se estudássemos melhor a nossa história, enquanto povo, saberíamos por onde seguir, para não se cometerem os erros do passado.

22. Se estudássemos melhor a nossa história, saberíamos que temos uma responsabilidade e um legado a deixar para as gerações vindouras. 

23. Se estudássemos história, não teríamos tanta febre na comemoração do 25 de abril: já estava bem interiorizado o que ele representa e já seria uma coisa do passado. A comemoração têm o medo latente do retrocesso.

24. Se estudássemos história, seriamos muito mais empáticos, equitativos e solidários. Já tínhamos aprendido que é melhor ser cooperante do que competitivo. Que o corpo é finito mas que a obra pode ficar para sempre. Aprendi isso com o Leonardo Da Vinci e com o Miguel Ângelo. 

25. Se estudássemos história, nunca teria acontecido o Nazismo. E já não seria necessário assinalar determinadas datas para que a humanidade não se esqueça do que foi capaz de fazer. Não seria necessário cantar Hinos à janela. Porque se não se pode confiar na memória individual e colectiva do ser humano, então, pelo sim pelo não, é melhor estudar História.

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