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Mensagens

A mostrar mensagens de 2016

À procura de si próprio

Conheço uma estrelinha que anda há procura de si própria. Que ainda não se conseguiu encontrar. E eu não consigo ajudar esta estrelinha. Talvez porque estes processos sejam muito íntimos e solitários. São processos que rasgam para dentro, que perfuram até ao núcleo da essência estrelar. O que quer dizer que a estrela tem que se encontrar dentro de si própria. Tem que encontrar as suas respostas no âmago da sua essência e não ao seu redor.  Quando se passa muito tempo a tentar encontrar fora aquilo que deveria estar dentro, um dia acorda-se e sente-se o vazio. A solidão. A imensidão da tristeza que está dentro do peito. E é como se se tivesse perdido meia vida. Nada preenche, nada anima. Porque se procurou construir tudo fora e não se construiu nada por dentro. Seguiu-se o correto, a segurança, o aprovável, em vez de se seguir a felicidade e a vontade própria. Tomaram-se decisões para evitar o sofrimento em vez de se tomarem decisões para arriscar no amor, na vida, na alegria. E qu

In Extremis

Ele há dias murchos como o outono. Não gosto muito do outono mas ele não tem culpa nenhuma. Parece que o outono é muito mais triste dentro de nós do que fora. É inegável a beleza que tem. As cores das folhas que se prolongam pelo chão, o por do sol mais afogueado que nunca, as nuvens cheias de tufinhos de lã e a brisa do vento a refrescar-nos as ideias. Hoje repensei sobre esta coisa de não gostar do outono. E é principalmente porque é o prelúdio do inverno. Mas o outono não tem culpa nenhuma de ser o que é nem do que vem a seguir. Se eu soubesse efetivamente viver um dia de cada vez não rosnava ao outono. Saberia apreciar as suas belezas e as suas excentricidades. Ainda não consegui aprender a viver um dia de cada vez. Nem a tirar a murchice do peito independentemente do que possa acontecer. Ainda não aprendi a encarar cada dia que começa como se fosse o último. Isto parece um pensamento tolo mas não é. É um pensamento de grande sabedoria. Li algures, nem me lembro onde, mas relacion

Olhos de água

Ontem foi um daqueles dias em que me senti bastante inspirada e alegre. Estive num encontro com música e poesia. E trouxe comigo uma frase que me ficou aferroada cá por dentro: “Se os meus olhos secarem…”  E pensei que me apetecia escrever sobre este assunto. Se os meus olhos secassem ou quando os meus olhos secarem, o que terei eu a dizer? Será que os meus olhos poderiam secar por terem perdido a capacidade de chorar? Deus me livre! No dia em que eu não chorar já não sou eu. Já não estou a viver, estou a vegetar. Tenho uma lágrima fácil de mais que espero que seja inesgotável. Isto porque os meus canais lacrimais têm uma ligação direta ao meu coração. Deve ter sido algum defeito de fabrico assim remendado à pressa. Mas agora já não sei funcionar de outra forma. É tudo intenso. Emociono-me demais. E isso faz parte da minha essência. E as lágrimas correm como forma de aliviar a pressão, a muito boa ou muito má. Se os meus olhos secassem, seria sinal que as minhas emoções já não era

Jururu

Hoje estou jururu. Tenho andado por aqui a pensar num assunto que me custa a entender. Mas que é perfeitamente real, possível e se calhar mais comum do que me possa parecer. E tem a ver com aquelas diferenças que existem entre as pessoas. E com os medos e com o amor. Os temas que afinal regem a nossa existência. O amor e o medo, como tantas vezes tenho escrito, são os dois principais propulsores dos nossos impulsos. Eu gostaria que nesta dualidade ganhasse sempre o amor. Mas, infelizmente, o medo tem uma expressão muito significativa nas escolhas que as pessoas fazem. Parece mais imediato escolher jogar à defesa, contornar o medo, evitar o sofrimento. Por vezes até acontecem coisas caricatas como tomar decisões que fazem sofrer que se fartam só para evitar o sofrimento. Contraproducente, não é? E, se observar um bocadinho o que me rodeia, é o que vejo acontecer. E bem perto de mim. A queimar de tão perto que estou dos acontecimentos. Vejo o medo que as pessoas têm em abrir o coraç

Um peito aberto

Quero-o bem mais do que perto.  E por mais que procure fechar todas as portas e janelas, Quando se vai, meu peito fica exposto, aberto. Correm-me as tristezas pelas veias e não encontro sangue. Só água salgada.  Leva-me o coração consigo e deixa-me a alma gelada. Fica a noite nos meus olhos e o deserto na minha boca.  Ficam as penas e os poços. Ficam-me as dores e os ossos. Ficam as saudades e as melancolias.  Ficam os dentes afiados e as raivas frias.  Ficam os prantos e os tormentos. Ficam os pensamentos e a vontade. Quando se vai, leva-me o brilho, o ânimo e a liberdade. Fico vazia. Quero-o bem mais do que perto. Junto a mim onde a distância não afasta o seu cuidado.  E há um mar que se interpõe entre o meu querer e o meu peito aberto. E a esperança esconde-se por detrás de qualquer barco parado.  É um dos que quando não vê com os olhos não sente com o coração.  O meu querer cabe num mundo inteiro e o seu cabe todo numa mão.  Mão pequenina, q

As lâmpadas do Céu

Existem coisas difíceis de conjugar na nossa vida. Principalmente para quem acredita num mundo espiritual muito mais rico e extenso do que este que conhecemos com os nossos 5 sentidos. Conjugar o nosso bem-estar terreno com o bem supremo da nossa alma é uma coisa bastante complicada. É de ir à lágrima. Também tem dias de uma alegria inexplicável. De uma paz quase surreal. Caminhar para o bem supremo da nossa alma é uma caminhada que se faz com os pés descalços, calcando cada pedrinha que nos aparece no caminho. Os pés ficam cheios de feridas e às vezes já não nos apetece caminhar mais. Apetece desistir e pronto. Apetece calçar umas pantufas muito fofinhas daquelas que nos fazem andar nas nuvens. Mas quando me dão essas vontades (vezes demais para o meu gosto…) vou de joelhos. Tento arrastar-me. Mesmo sangrando. Se sangro é porque não consigo aceitar o que a minha alma necessita para evoluir. Ou então estou a experienciar as consequências das escolhas menos boas que fiz. Tudo para apre

O fim do mundo

Há dias em que não me apetece escrever. Não é muito bom sinal. Normalmente é sinal de tristeza, daquela que não se trata com as palavras. Ou então apetece-me praguejar com alguns aspetos da vida. E como vou tentando ser melhor pessoa todos os dias (mesmo naqueles em que não consigo e em que me sinto um bicho ruim capaz de bater em meio mundo) opto por não escrever palavras duras, a rasgar. Não ajuda ninguém. Talvez nem me ajude a mim própria. E reforça o meu lado mais lunar, de alguma têmpera fora de ordem, a roçar a fúria. A fúria é o meu pecado mortal. Enfureço-me muito facilmente. Facilmente demais para o bem da minha alma. Esta é a minha luta diária, acalmar os ímpetos e a busca pela serenidade e pela paz. E mais uma vez comecei a desenvolver o assunto pelo lado contrário. Sou perita nisto! Na verdade, hoje é um dos dias em que tenho que escrever senão rebento. Em que tenho as palavras e os pensamentos a bailarem na minha cabeça. E esta dançaria toda incomoda-me. Não me consig

Homens: bichos incompreensíveis

Uma querida amiga pediu-me para escrever sobre os homens. Ela anda atravessada com eles. Eu também. Faz de conta que se juntou a fome com a vontade de comer. Ainda pensei não escrever sobre o tema pois como tenho estado numa lua de "descasca pessegueiro", poderei desatar o saco e ser injusta. É que quando me dá este tipo de macaca é melhor esperar que passe. Mas enfim...como sou uma senhora e gosto de pensar que já vou conseguindo controlar a tempera, aqui vai disto. Principalmente porque a minha tão querida amiga me pediu. Normalmente costumo dar o titulo aos textos depois de os ter escrito na integra. Este não será exceção. No entanto, apetece-me escrever sobre as incoerências, as dessincronias e sobre mais uma data de coisas que não compreendo no bicho homem. Costumo conseguir compreender bem as pessoas. Esforço-me por ver as coisas pelos prismas que os outros utilizam para lidarem com o mundo. Procuro sair das minhas referências e pontos de vista para poder entender as r

A parvoíce de verão

Resolvi renovar a imagem deste blog. Os meus mundos necessitam de ser dinâmicos. Diz-se que as aquarianas são assim. Detestam rotinas e mais do mesmo. Assim, vou alterando o que posso alterar. Com tantas cores que a vida tem, não é necessário andar-se  sempre com os mesmos tons. Por outro lado, quando não se consegue mudar questões estruturais da nossa vida (embora nos apeteça) vamos mudando o que podemos mudar, o que está ao nosso alcance.  Resolvi então arejar um dos meus mundos mais queridos, o da escrita. Como sou eu própria, mantenho uma certa constância em termos cromáticos e de forma. Há coisas que aqui, tal como na vida, não abdico. São muito próprias, muito minhas. De resto, adoro experimentar tudo o que é diferente de mim. O que é meu eu já conheço. Interessa-me experimentar tudo o que é novo. Deve ser mesmo por ser aquariana de signo com ascendente em aquário. Muito aquário por metro quadrado! Não me safo do exotismo deste arquétipo. Falo disto como se percebesse alguma

Rosa de Jericó

Se eu fosse uma pessoa delicada, hoje diria que me sinto como uma flor murcha a quem vão caindo as petalazinhas, uma atrás da outra. Mas como não sou delicada, não sei bem que comparação hei-de fazer. Mas a ideia é esta. Sinto-me a ficar murchinha. Vou murchando de dia para dia. Quando estou numa daquelas fases da vida um bocadinho difíceis, a saborear a impotência, a gerir a perseverança e o cansaço, o melhor que consigo fazer é andar um bocadinho murcha. Eu sei que tudo o que nos acontece tem um propósito e o que está no nosso caminho é sempre provido de sentido e de significância. Eu sei disto tudo. E esforço-me imenso para ser grata ao Céu por todas as experiências que me proporciona. E sei também que o Universo conspira a nosso favor. Mas a gestão que se tem que fazer entre o saber e o sentir é difícil. As experiências e as vivências trazem as suas chamuscadelas. Eu estou tão chamuscadinha que já nem preciso de ir à praia para me bronzear! Na verdade, é o coração que fica com que

As linhas que nos prendem

As incoerências são como linhas assimétricas que supostamente devem manter um qualquer equilíbrio. Quando se é o 8 e o 80 em simultâneo, não há simetria nem equilíbrio que consiga resistir. Sinto-me presa por linhas que não compreendo. São linhas transparentes, de confiança. A confiança é o material mais resistente que existe para se fazerem linhas que ligam as pessoas. Dizendo melhor, que ligam os corações das pessoas. Confiar no coração de uma pessoa é a maior forma de confiança que existe. Por vezes não se confia nas cabeças nem nas palavras mas confia-se no coração. É uma bênção e uma maldição, esta espécie de confiança, feita de linhas transparentes. As tais linhas muito, muito fortes. São linhas que não nos deixam desistir, não nos deixam largar. Prendem e prendem mesmo quando achamos que já não aguentamos mais. De assimétricas que são, estas linhas, são incoerentes. Não entendemos porque repuxam e arrepanham de um lado e ficam laças de outro. Num lado apertam muito e no outro d

Os olhos da alma

Existem olhares que matam. Não matam a vida mas matam o coração e a alma. Hoje estou neste comprimento de onda. A pensar na importância que os olhares têm. Eu, que sou uma pessoa cheia de palavras e que adoro este tipo de expressão, sou uma franca apreciadora de olhares. Não só de olhares como também de todo o conjunto de formas não verbais de comunicarmos uns com os outros. Da mesma forma que o nosso subconsciente e o nosso coração são muito mais inteligentes que o nosso cérebro e que a nossa racionalidade, o não verbal expressa muito mais sinceramente o que o outro está a pensar ou a sentir. E o olhar é majestoso nesta forma de comunicar. Penso que existem olhares que salvam e olhares que condenam. E não são necessárias quaisquer palavras a acompanhar o que se diz com os olhos.  Neste momento tenho os pensamentos a mil à hora (o que não é difícil, tratando-se de mim). E penso nestas coisas dos olhares. Da importância que tem olharmos os outros, olhos nos olhos, de igual para igu

Antíteses e negócios

Recebi uma reclamação por andar a escrever pouco. Uma das minhas queridas amigas, leitora fiel das minhas escrevinhices, disse-me que estava com saudades de ler as minhas coisas. E tem razão. Ultimamente tenho escrito pouco. E isto porque só me apetece escrever mais do mesmo: saudades, saudades, saudades. Também deve ser aborrecido, para quem lê, andar a ler a mesma coisa, uma vez e outra. Até a mim me enjoa escrever sempre sobre o mesmo tema. O problema é que só me apetece despejar estes assuntos. Se isto fosse um fadinho, diria que já tenho saudades de saudades não ter! Já tenho saudades de escrever sobre alegrias e coisas muito bonitas. Daquelas que também fazem parte da minha essência. Mas esta fase tem sido assim um bocadinho difícil de descascar. Ando aqui numa luta comigo própria para não me deixar ir na melancolia, para não hibernar, enfiar-me no meu casulo e desistir do que tantas saudades me causa. É uma luta que se vai travando diariamente. E vou dizendo, não desisto hoje,