Avançar para o conteúdo principal

Amor próprio v.s. orgulho

A diferença entre amor próprio e orgulho. Por vezes estes dois conceitos são confundidos. Pelos outros e por nós próprios. Quando tomo uma decisão importante, daquelas que têm que ver com outras pessoas e que podem doer a alguém, nomeadamente a mim própria, sempre reflito sobre o porquê da decisão tomada. Até pode ser uma decisão simples. Mesmo assim deve ser refletida. Decidi por amor próprio, por me ter aprendido a cuidar, a amar e a ser capaz de me afastar do que me molesta ou se o faço essencialmente por orgulho. Porque tenho um nariz empinado. A linha que separa estas coisas, por vezes é tão fininha que quase se torna invisível.

Para não correr o risco de não ver linha nenhuma e de cortar a direito, procuro nunca tomar decisões quando estou muito triste ou muito zangada. Não há nada nestas emoções que nos ajude a tomar decisões como deve de ser. Estas são das tais emoções que nos inundam e não deixam espaço para a paz e para a serenidade. Para ouvirmos o coração com ouvidos limpos. São emoções virais que nos atrapalham todos os sistemas. Os meus já estão atrapalhados que chegue. E como tenho que controlar ímpetos, pois a minha essência é um bocadinho impetuosa e resolutiva, procuro não me deixar levar por elas. Se lhes fizesse a vontade, nem sei o que poderia acontecer. Talvez deixasse o orgulho vencer-me. E seria pior pessoa. Quando agimos sob orgulho, estamos a colocarmo-nos num patamar superior ao patamar do outro. Não damos o braço a torcer porque somos melhor do que alguém. Ou mais importantes, ou mais qualquer coisa. E pensamos que estamos cheiinhos de razão. O orgulho é uma tareia de indiferença e de arrogância que damos às outras pessoas. Para além de magoarmos os outros porque quanto mais não seja o orgulho é sempre injusto, também estamos a enegrecer a nossa alma. A alma precisa de leveza e de luz. De coisas bonitas.

Uma coisa bonita daquelas que ilumina a nossa alma é o amor próprio. É sermos capazes de cuidarmos de nós próprios, de gostarmos de nós, com todas as nossas dimensões. É sabermos chamar a nós o que nos faz bem e afastarmos o que nos faz mal. Tão simples como isto. E ao agirmos tendo por base o amor próprio, estamos a colocarmo-nos no mesmo patamar do outro. Nem acima nem abaixo. Nem respeitando menos nem mais. Respeitando igualmente ambas as partes. E assim, as decisões tomadas, normalmente são justas. Mesmo que magoem alguém, são verdadeiras e o propósito será nobre. Sempre que se age com amor (mesmo que seja o próprio) o resultado é sempre digno. E as partes envolvidas, em vez de empinarem o nariz, podem andar com o nariz levantado. Com a coluna vertebral direita e com a verticalidade na alma. 

A verticalidade é a irmã gémea da justiça. Ninguém ama como deve de ser os outros se não se amar a si próprio. Mais uma frase banal. Mas no assunto em causa, na tomada de decisão, ao salvaguardamos o nosso amor próprio, estamos a agir com justiça e com amor também pelos outros. Porque o fazemos pela mais digna das causas: o brilho da nossa alma. Quando a nossa alma brilha, nunca, mas nunca se faz mal a ninguém.

Como costumo dizer, o orgulho é um caminho muito rápido para a solidão. Daquela que ainda deve doer mais pois é causada pelo próprio. É da sua inteira responsabilidade e escolha. Deve ser difícil de engolir...e a solidão não serve para nada a não ser carregar a alma de penas. Das pesadas. O orgulho é também uma das antítese do amor. É um daqueles pecados mortais que anda de braço dado com o medo. Dão-se bem que se fartam, o medo e o orgulho. Ambos carregam a alma e afastam o amor. E se o amor se afasta de nós, o que andamos por cá a fazer? Qual é a piada das coisas? E da vida? O amor é a tela onde a vida está pintalgada, com todas as cores, cheiros, sabores e relevos. Mesmo quando temos uns borrões de vida aqui e ali, a pintura não deixa de ser linda. E única - é a nossa. O amor é assim a moldura da nossa existência. Pelo menos é assim que me parece. E quando uns traços negros aparecem, nunca se apagam. Aproveitam-se, integram-se na pintura, fazendo parte da paisagem. Mas sempre com amor. Com a leveza do amor.

Comentários

As mais lidas...

Os olhos da alma

Existem olhares que matam. Não matam a vida mas matam o coração e a alma. Hoje estou neste comprimento de onda. A pensar na importância que os olhares têm. Eu, que sou uma pessoa cheia de palavras e que adoro este tipo de expressão, sou uma franca apreciadora de olhares. Não só de olhares como também de todo o conjunto de formas não verbais de comunicarmos uns com os outros. Da mesma forma que o nosso subconsciente e o nosso coração são muito mais inteligentes que o nosso cérebro e que a nossa racionalidade, o não verbal expressa muito mais sinceramente o que o outro está a pensar ou a sentir. E o olhar é majestoso nesta forma de comunicar. Penso que existem olhares que salvam e olhares que condenam. E não são necessárias quaisquer palavras a acompanhar o que se diz com os olhos.  Neste momento tenho os pensamentos a mil à hora (o que não é difícil, tratando-se de mim). E penso nestas coisas dos olhares. Da importância que tem olharmos os outros, olhos nos olhos, de igual para igu

Corações à janela

De vez em quando o meu coração sai fora do peito. Deixa um lugar vazio. Cheio de nada. Vai espreitar à janela. Vai ver se existem outros corações como ele, a espreitarem, a ver se encontram o que lhes falta. Quando se espreita à janela de uma casa vazia, vê-se fora uma multidão que ainda torna mais vazia a casa da janela onde se espreita. A janela de onde o meu coração espreita tem uma vista colossal sobre a rua da amargura. Da janela vêem-se outros corações a espreitar. Uns despedaçados, outros partidos. Todos os corações inteiros e de saúde encontram-se dentro do peito onde pertencem. Quanto muito, passeiam de um peito ao outro quando se trocam palavras de amor. Não espreitam à janela de casas vazias. Mas uma casa vazia torna-se muito grande, muito solitária e muito fria para que um coração rasgado possa estar sozinho em paz a sangrar. Tem que se entreter e vai espreitar à janela. Tem que ver se encontra um outro coração com quem possa partilhar as mágoas. E faz adeus aos outros

A parvoíce de verão

Resolvi renovar a imagem deste blog. Os meus mundos necessitam de ser dinâmicos. Diz-se que as aquarianas são assim. Detestam rotinas e mais do mesmo. Assim, vou alterando o que posso alterar. Com tantas cores que a vida tem, não é necessário andar-se  sempre com os mesmos tons. Por outro lado, quando não se consegue mudar questões estruturais da nossa vida (embora nos apeteça) vamos mudando o que podemos mudar, o que está ao nosso alcance.  Resolvi então arejar um dos meus mundos mais queridos, o da escrita. Como sou eu própria, mantenho uma certa constância em termos cromáticos e de forma. Há coisas que aqui, tal como na vida, não abdico. São muito próprias, muito minhas. De resto, adoro experimentar tudo o que é diferente de mim. O que é meu eu já conheço. Interessa-me experimentar tudo o que é novo. Deve ser mesmo por ser aquariana de signo com ascendente em aquário. Muito aquário por metro quadrado! Não me safo do exotismo deste arquétipo. Falo disto como se percebesse alguma