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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2016

Perder o pio

As palavras são metade mim. Mas por vezes quase que as perco. Quando o coração me dói muito, quando a alma está toda esfrangalhada, as palavras andam cá por dentro às voltas na minha cabeça. Rodopiam, encontram todos os sentidos e mais algum mas perdem-se no rebuliço que a tristeza me dá. E fico quieta e calada. É o que se chama perder o pio. E quando uma pessoa como eu perde o pio, é porque a coisa está feia. Tenho estas dores que não me deixam sossegar. Nem me apetece falar delas. Acontece esta coisa sem senso nenhum que é apetece-me escrever para aliviar a pressão mas não consigo escrever sobre o que verdadeiramente me aflige. Talvez porque saiba que tudo está em aberto. Porque não sei para que lado as coisas vão. Também sei que apesar de estar tão triste, sinto alguma paz de espírito - outro contra-senso - que me diz que tudo correrá por onde for melhor. Que o Céu me acompanha. É esta confiança cega que tenho em Deus que me leva a fazer brotar sempre uma fonte de esperança por mai

Aniversário de uma fada

Hoje é um dia muito importante! É o dia de aniversário da minha melhor amiga, de uma das minhas manas de coração. Daquelas que se transformaram em família por escolha. Os melhores amigos são a família que escolhemos. E como costumo dizer, a família é construída com a força do amor, não é à força de sangue. Diz-se que a família são os amigos que Deus escolheu para nós e os amigos são a família que nós escolhemos. Pode ser. É uma forma bonita de ver as coisas.  A minha mana que hoje completa mais um ano de vida faz parte da minha família mais íntima. Aliás, ninguém me conhece tão bem como ela nem ninguém me cuida tão bem como ela. É uma pessoa maravilhosa daquelas muito raras e muito especiais. E agradeço sempre a Deus a sua presença. É quem me sabe ler por dentro e por fora. Como costumo dizer a brincar: tudo o que é passível de ser sabido, sobre mim própria, esta fada sabe. E sim, fada será talvez o nome de código que tenho para ela. Porque esta minha mana de coração é simplesment

A essência da Páscoa

Hoje é Sexta-feira Santa. Dia em que se reflete sobre a paixão de Cristo. Para mim a época mais difícil do calendário Cristão. Ou melhor: tem sido, habitualmente, a época mais difícil. Penso que este ano está a ser muito mais fácil. Consegui acertar uns azimutes cá na minha maneira de ver as coisas e penso que dei um passo em frente. Consegui deixar de sofrer que nem uma desgraçada por ficar centrada na Via Sacra e no sacrifício de Jesus. Estou contente, espiritualmente falando, porque consegui ver e sentir para além do sofrimento. Penso que consegui tirar a lição suprema de tudo isto. Consegui,  finalmente, tirar Jesus da cruz e sentir internamente a essência de tudo isto. Apesar de se ter o conhecimento das coisas, é preciso sentir para as podermos entender verdadeiramente. É necessário que caiam umas fichinhas espirituais para que as coisas façam sentido e para que também a minha alma possa evoluir.  Finalmente, parece que me consigo centrar na questão do amor incondicional que

Bolinha de sabão

H oje é um daqueles dias em que me apetecia ser uma bolinha de sabão. Sinto até uma certa nostalgia daquelas composições que nos mandavam fazer na escola. Se eu fosse….qualquer coisa. Neste caso seria “Se eu fosse uma bolinha de sabão”. Como tenho a alma um bocadinho pesada, apeteci-me ser uma bolinha de sabão principalmente pela sua leveza. Uma bolinha de sabão flutua elegantemente pela atmosfera, indiferente ao que acontece à sua volta. Indiferente porque a sua natureza é flutuar. É essa a sua missão. Ser bonita, leve e flutuar. Apetecia-me sentir assim tal e qual como uma bolinha de sabão. As bolinhas de sabão também têm uma qualidade que aprecio particularmente: a transparência. São completamente transparentes. Nem sequer são translúcidas. São de uma transparência maravilhosa e brilhante. E, na sua transparência, refletem delicadamente todas as tonalidades e cores da natureza, envergonhando qualquer arco-íris que se preze. Apetecia-me sentir leve, bonita e flutuante apesar da vida

Primavera

Apesar de não estar nos meus melhores momentos por andar a pingar de saudades e preocupações por um lado e a pensar nas desgraças que vão no mundo por outro, a primavera sempre me traz alguma alegria. Eu gosto da primavera. Principalmente porque é o pronúncio do verão. Como se sabe, não sou muito dada a nada morno, nem sequer às estações do ano intermédias. Eu adoro mesmo é o verão. O sol a pino o tempo inteiro e uma luz inigualável. Lindos nasceres e pores de sol. Noites quentes com estrelas por todo o lado. Praia e mar sereno. Quase que há luz a mais e serenidade a mais, como se isto fosse possível. Parece que no verão tudo é mais fácil e abundante. Como se diz popularmente, o verão é capa de órfãos. E é verdade. Pelo menos neste maravilhoso país onde vivo, é assim. O verão em Portugal tem a mais fantástica luz. Mas agora estamos na primavera. Também merece toda a minha atenção. Por mais primaveras que passe, sempre me deslumbro com os milagres que acontecem. Até me parece que a

Contra-senso

Ando cheinha de saudades. Eu sofro imenso de saudades. Para quem sente tudo intensamente, as saudades também teriam que ser às pilhas. E coincidentemente, nesta altura de Quaresma, com aproximação da Semana Santa - talvez para mim o mais difícil período do calendário cristão - intensifica-se esta provação. De repente, dou por mim privada da companhia das pessoas de quem mais gosto. Das mais especiais de corrida. E não me apetece nada estar com outras pessoas só para fazer de conta. As minhas crias não estão comigo e as minhas manas também não. Uma anda doentinha a lutar para manter a cabeça à tona da água. A outra encontra-se a viajar em trabalho, por terras de África. E a minha estrela anda a teimar no outro lado do oceano. De repente sinto-me desasada. Sinto como se todos os meus membros e o meu coração estivessem fora de mim, por aí à solta pelo mundo. Sinto-me como um puzzle com as peças todas soltas e misturadas. Esta é normalmente a minha provação. As dores por quem gosto. De um

O início das coisas

Tenho andado demasiado ocupada para escrever. E isso não é nada bom. Eu preciso de escrever para lavar a alma. Para deitar cá para fora aquilo que penso por dentro. Quando não escrevo começo a transbordar de pensamentos e de emoções que se desalinham e que se misturam uns nos outros. Escrever permite-me encontrar uma ordem para pensar nas coisas, para as colocar no seu devido lugar, para as vestir de sentido. Claro que é de acordo com as minhas referencias e com os olhos com que vejo a vida. Pode fazer-se de conta que, para mim, escrever será como quem pinta uma tela e lhe dá as cores que entende. Claro que eu seria incapaz de pintar. No dia em que Deus Nosso Senhor distribuiu o jeito para a pintura e a delicadeza de mãos, eu estava na fila das palavras e demorei-me por lá muito tempo...a minha veia artística é só para o lado interior da coisa. Toda a arte me emociona e faz mexer uma data de cordelinhos cá dentro. Mas para fora, nicles.Tudo se passa cá nos meus mundos por dentro.  Não

A importância do quase

Quando quase se quebra, é porque não se consegue vergar mais. É porque o queixo já se encontra na ponta dos nossos pés em vez de ser a ponta do nosso rosto. É porque os joelhos já aterraram depois de tanta força que fizeram para manter as outras estruturas de pé. Quando quase se quebra é porque a coluna vertebral já não aguenta o peso do corpo, da alma e da vida. É porque o coração deixou de funcionar como contra força, deixou de flutuar para ajudar a coluna a manter-se direita e firme. Como um balão de ar quente. Quando o coração fica vazio e perde a sua função de amar e de se sentir amado, tudo o resto quase quebra. A alma fica densa e não consegue iluminar o caminho. O esqueleto fica flácido e não consegue firmar nada. Quando quase se quebra, é porque os olhos já não têm lágrimas e as olheiras chegam à boca. E a boca já não tem palavras e a garganta está seca. As unhas já se cravaram nas palmas das mãos há muito tempo. Já fizeram ferida e já cicatrizaram. Quand

Desespero e paz de espírito

E sta tem sido uma semana emocionalmente muito difícil. Lidei de perto com o desespero de alguém que eu adoro. Mais uma vez fui confrontada com o facto de todas as palavras do mundo e que todo o amor, podem não ser suficientes para salvar uma pessoa. Mais uma vez confrontada com a impotência. Mais uma vez experiencio uma situação próxima em que aquilo que são as preocupações, os medos e as angústias são mais fortes que as coisas boas, que as razões para viver, que o amor, que a própria vida. Quando esta balança interna se desequilibra para o lado negativo, o perigo aparece. Quando nos deixamos avassalar pelos problemas, damos-lhe força. Quando pensamos sozinhos, colocamo-nos sempre do lado do problema em vez de estarmos ao lado da solução. A partilha é meio caminho andado para a solução. O desespero instala-se no peito quando os gritos ficam encravados na garganta e não desencravam. Voltam para dentro, com mais fúria e com mais força. O desespero instala-se quando alimentamos os papõe