Há uns dias atrás, ouvi uma frase que me tem
martelado na cabeça. Quase que me queima o pensamento e o coração. Dói-me. A
frase dizia respeito a alguém que teria “temor a Deus”. Esta frase foi dita com
toda a consideração e por bem. Como um elogio à fé da pessoa em causa. Eu fiquei
a pensar no assunto e a ferver por dentro. Agora tenho aliviar a pressão. Ou seja,
colocar água na minha própria fervura.
Esta coisa de falar em temor a Deus é qualquer coisa
que me molesta. Como se pode ter temor de Deus?! Temor implica medo, susto. O
medo é a verdadeira antítese do amor. E Deus é verdadeiramente amor. Logo,
temer a Deus é quase negar a sua essência primordial. Ao longo dos séculos,
Deus foi visto como uma entidade imensa, assustadora, castradora, castigadora e
temerária. Como um senhor feudal que comanda, que põe e dispõe dos seus servos,
protegendo-os mas exigindo quase a perfeição. E castiga a valer quem sai da
linha. Até me custa escrever estas palavras…a verdade é que esta visão de Deus
tem um passado muito recente e até aposto que actual em alguns meios e povos. A
fé ligada ao medo. Ao princípio do castigo e da recompensa. Que triste, não é? Isto
será uma figura de Deus feita à pior imagem e semelhança do homem. Arrogantes,
nós, seres humanos. A qualificar Deus com as nossas piores características.
Penso que será altura de cada um de nós reflectir
sobre o conceito que tem de Deus. Como se pensa em Deus? Com o coração ardente
de fé e de amor ou com medo? Qual é verdadeiramente o sentimento, a emoção que
se forma no nosso coração quando conversamos com Deus? Quando pensamos nele? Este
será o primeiro exercício, pessoal, interno e reflexivo que devemos fazer.
Deverá ser feito com toda a honestidade. Deveremos ser honestos connosco
próprios. Só este tipo de honestidade nos permite evoluir enquanto almas. Ao sermos honestos podemos avaliar que tipo de relação temos com Deus. E podemos fazer as alterações necessárias para que possamos tornar o amor o veículo principal de comunicação e de ligação entre nós e o Divino. Podemos relembrar alguns princípios básicos para nos ajudar a alinhar a nossa relação com Deus.
Os conceitos de pecado, de culpa, de julgamento, de castigo e de medo foram criados pelo homem e não por Deus. Estes conceitos ajudaram uns homens a controlarem os outros. Ajudaram uns a terem poder sobre os outros. O medo, o poder, os grilhões e as garras são frutos amargos da nossa humanidade. Nunca podem ter sido criados por um Pai celeste, divino, amoroso, libertador e paciente. A essência divina é sempre de amor. O amor nunca pode prender, culpar, amedrontar e pressionar. O Pai tem a eternidade para nos ver chegar onde temos que chegar. O Pai tem a eternidade toda para nos ver chegar à plenitude da nossa alma. Ou nunca nos teria dado a escolha, o livre-arbítrio. Escolhia por nós e pronto. Resolvia o assunto de uma forma muito mais rápida. Mas isso não seria verdadeiramente amor. O amor implica que se liberte outro. Implica paciência. Implica saber esperar que o outro chegue onde tem que chegar e que se transforme no que tem que se transformar. Calmamente. Com paciência. Em passos pequenos mas seguros. E Deus, na sua infinita paciência, espera, com toda paz e com todo o amor, que vamos ter com ele em completa liberdade. Porque verdadeiramente o queremos e amamos e não porque o tememos. Faz toda a diferença, não é?
Para entendermos melhor esta diferença, podemos fazer um paralelismo com os nossos amores. Claro que é muito redutor comparativamente ao amor de Deus. Nem terá aproximação. Mas serve para o efeito. Quando amamos alguém, queremos que essa pessoa seja, em primeiro lugar, feliz. Depois, que esteja connosco, que seja recíproco no amor que lhe dedicamos. Mas que esteja connosco por vontade própria e não por medo, por obrigação, por poder ou influência. Desejamos que o outro nos deseje tanto quanto nós o desejamos. De uma forma livre. Que ande a nosso lado, que partilhe o nosso caminho de livre e espontânea vontade. De preferência, com toda a vontade do mundo. E que não seja por ter medo da solidão ou de outra coisa qualquer. Se isto é assim ao nosso nível, como não será na relação que Deus estabelece connosco? Nem consigo integrar a plenitude do amor que Deus nos dedica...mesmo quando fazemos asneira e tornamos a fazer. Se calhar, aquilo que para nós são asneiras, para Deus até podem ser experiências pelas quais temos que passar para aprendermos a valorizar o que tem que ser valorizável. Não tenho dúvidas que temos que aprender tudo o que tem a ver com o amor incondicional. Da forma que for. A bem ou mal. Cada uma das nossas almas tem que ter todo este conhecimento e toda esta experiência. O amor tem muitas valências e muitos prismas. Para ser incondicional, isto é, sem condições, sem negócios e sem "ses", temos muito que aprender. Temos muito que dar ao dedo que é como quem diz, temos que dar muito ao coração. E o coração não pode temer. Só pode amar. E quando soubermos amar muito, muito, muito, estamos prontinhos para fazer a escolha mais importante de todas, aquela que atravessa toda a nossa existência: voltar ao Pai com toda a nossa essência ao rubro. Porque sim. Porque é lá que verdadeiramente pertencemos.
Os conceitos de pecado, de culpa, de julgamento, de castigo e de medo foram criados pelo homem e não por Deus. Estes conceitos ajudaram uns homens a controlarem os outros. Ajudaram uns a terem poder sobre os outros. O medo, o poder, os grilhões e as garras são frutos amargos da nossa humanidade. Nunca podem ter sido criados por um Pai celeste, divino, amoroso, libertador e paciente. A essência divina é sempre de amor. O amor nunca pode prender, culpar, amedrontar e pressionar. O Pai tem a eternidade para nos ver chegar onde temos que chegar. O Pai tem a eternidade toda para nos ver chegar à plenitude da nossa alma. Ou nunca nos teria dado a escolha, o livre-arbítrio. Escolhia por nós e pronto. Resolvia o assunto de uma forma muito mais rápida. Mas isso não seria verdadeiramente amor. O amor implica que se liberte outro. Implica paciência. Implica saber esperar que o outro chegue onde tem que chegar e que se transforme no que tem que se transformar. Calmamente. Com paciência. Em passos pequenos mas seguros. E Deus, na sua infinita paciência, espera, com toda paz e com todo o amor, que vamos ter com ele em completa liberdade. Porque verdadeiramente o queremos e amamos e não porque o tememos. Faz toda a diferença, não é?
Para entendermos melhor esta diferença, podemos fazer um paralelismo com os nossos amores. Claro que é muito redutor comparativamente ao amor de Deus. Nem terá aproximação. Mas serve para o efeito. Quando amamos alguém, queremos que essa pessoa seja, em primeiro lugar, feliz. Depois, que esteja connosco, que seja recíproco no amor que lhe dedicamos. Mas que esteja connosco por vontade própria e não por medo, por obrigação, por poder ou influência. Desejamos que o outro nos deseje tanto quanto nós o desejamos. De uma forma livre. Que ande a nosso lado, que partilhe o nosso caminho de livre e espontânea vontade. De preferência, com toda a vontade do mundo. E que não seja por ter medo da solidão ou de outra coisa qualquer. Se isto é assim ao nosso nível, como não será na relação que Deus estabelece connosco? Nem consigo integrar a plenitude do amor que Deus nos dedica...mesmo quando fazemos asneira e tornamos a fazer. Se calhar, aquilo que para nós são asneiras, para Deus até podem ser experiências pelas quais temos que passar para aprendermos a valorizar o que tem que ser valorizável. Não tenho dúvidas que temos que aprender tudo o que tem a ver com o amor incondicional. Da forma que for. A bem ou mal. Cada uma das nossas almas tem que ter todo este conhecimento e toda esta experiência. O amor tem muitas valências e muitos prismas. Para ser incondicional, isto é, sem condições, sem negócios e sem "ses", temos muito que aprender. Temos muito que dar ao dedo que é como quem diz, temos que dar muito ao coração. E o coração não pode temer. Só pode amar. E quando soubermos amar muito, muito, muito, estamos prontinhos para fazer a escolha mais importante de todas, aquela que atravessa toda a nossa existência: voltar ao Pai com toda a nossa essência ao rubro. Porque sim. Porque é lá que verdadeiramente pertencemos.
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