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O amor e a certeza

Numa pequenina caixinha cabe o universo inteiro. É só imaginar que o universo é tão infinito para o pequenino, como é infinito para o grande. E qualquer simples caixinha serve para guardar todo o seu tamanho.

Da mesma forma que uma caixinha pode guardar o universo, o nosso coração também pode guardar todo o amor do mundo. E do universo. E de Deus.

O amor não se mede, não tem largura nem comprimento, não se  pesa, não tem matéria, não se vê. Só é. Simplesmente é. E o amor ao ser, sente-se. E tem tantas, tantas, mas tantas dimensões. E tanta energia. Junta a energia de todas as estrelas de todas as galáxias que existem (as que conhecemos e que não conhecemos e que cabem na tal caixinha pequenina.)

E é a força mais poderosa do universo! (Não me canso de repetir isto.)
É a força que constrói, que cria, que salva. Nada no mundo salva mais e melhor que o amor. Salva o próprio mundo. Nada no mundo mata mais e pior que a sua falta. Que a sua inexistência. A falta de amor também tem uma grande força criativa – cria o medo. Cria as antíteses, as atrocidades, as inquietudes, as inseguranças, as torturas, os rasgões, a infelicidade. Sem amor não há liberdade, nem paz, nem justiça, nem mais um montão de coisas maravilhosas. Sem amor não há vida, há sobrevivência.

E é a força motriz de cada um dos nossos mundos. O amor dá-nos um poder tão grande, tão maravilhoso, tão intenso! O poder de sermos felizes e de fazermos os outros felizes. É verdade que por vezes procuramos aquilo que só o amor nos dá noutras coisas: no dinheiro, no ter, no parecer, no prestígio, no sucesso, na fama, na corrida, na fuga, sei lá onde! Onde nos parece que pode estar! E tarde ou cedo, o que se construiu vai cair. Desmorona. As únicas bases sólidas de qualquer coisa que se construa são feitas de amor. Não conheço outras. Por mais que já tenha procurado ou pensado sobre o assunto. Isto porque o amor é fonte de onde nasce tudo o que é necessário para a construção, para a edificação, para a criação de bem-estar. Para que o nosso coração, que sendo pequenino, fique do tamanho do universo. E então, invadirá todo o nosso corpo, todo a nossa racionalidade e toda a nossa alma.

Fala-se tanto de amor de forma lamechas e delicodoce. Como apenas qualquer coisa que acontece entre duas pessoas. Mas o amor, enquanto valor universal, incondicional e amplo, é tão importante ser falado, fora dos âmbitos religiosos, de frases feitas, subjetivas que ninguém entende verdadeiramente o significado. O amor é como outra coisa qualquer que nasce connosco. Como nasce o nariz. Como nascem os olhos. E, no nosso coração, vem já uma dose gigantesca dele. É verdade que às vezes nascem pessoas sem nariz. Ou que não vêem. Mas essas são as infelizes exceções. A regra é que cada bebé que vê a luz traga tudo a que tem direito. E o amor no coração faz parte do pacote. E todo o amor do mundo cabe naquele coração pequenininho. Cabe mesmo. Depois, conforme a vida se apresenta, conforme o que o ensinam a fazer, a andar, a falar, a amar, assim o nosso bebé vai ser mais ou menos amoroso. Será que o vão ensinar a dar ou a guardar só para si? A mostrar ou a esconder? Será que o vão ensinar a sentir ou só a pensar? Será que o ensinam que o amor é tudo o que nos faz felizes e deixa os outros também felizes e alegres? Será que o ensinam a amar ou a ter medo?

Este é o grande problema da nossa forma de lidar com o amor. Depende se ensinamos mal ou bem. O maior problema ainda é que o amor não se ensina propriamente. Dá-se o exemplo. Como não tem fórmulas, definições ou conceitos, não se pode transmitir em termos de conhecimento – o que seria muito fácil. Tem que se transmitir em forma de exemplo. Tem que se mostrar, tem que se falar sobre, tem que se tocar em, dar a saborear, dar a cheirar, dar a experienciar. Como ensinamos os nossos bebés a exprimirem o seu amor, se nunca falamos sobre isso? Se só temos palavras de ensino, de conhecimento, de saber fazer, de saber estar e não de saber amar?

Isto sempre me atormentou, falamos tanto de amor e mostra-se tão pouco. Dá-se a conhecer tão pouco. Mesmo nas relações só a dois. Mais facilmente se critica do que se elogia. Parece que nos cai qualquer coisa. Ou que ficamos ridículos, ou patetas. Mas mais forte é sempre quem ama. Quem é capaz de falar claramente sobre o que sente. Nada o vence pois já venceu os seus próprios medos. E então, qual é problema? Conseguimos vencer batalhas exteriores que nem nos passam pela cabeça e não somos capazes de exprimir os nossos sentimentos. De darmos o exemplo relativamente a quem está ao nosso lado. Isto intriga-me…sempre me intrigou. Não há viva alma que não goste de se sentir amado, mimado, bem cuidado, querido, importante para os outros. Conseguimos encontrar formas mirabolantes de exprimir o nosso amor, sem, no entanto, utilizar o que está à nossa frente, a expressão clara, simples, pelas palavras. Pelos gestos. Pelos abraços e olhares. Mais depressa compramos um telemóvel XPTO aos nossos filhos do que lhes dizemos “amo-te, és tão importante para mim”. Quem diz aos nossos filhos, diz aos nossos amigos, ao nosso par, ao nosso amor. Seja a quem for. Podíamos pensar um bocadinho melhor no porquê da coisa. Porque não somos capazes de falar sobre o que de mais importante existe? Do que de mais importante deve fluir entre as pessoas? Entre as pessoas e a natureza em todo o seu esplendor? Entre corações?

Será porque não fomos ensinados a fazer isto? Mas continuamos a tempo de aprender…porque não mudar os paradigmas que guardamos a sete chaves e nem sabemos porquê…Porque nos defendemos do que de melhor existe e está aí ao nosso dispor? Porque não nos deixamos amar?

Que tal experimentar fazer de outra maneira? E se resultar? Tanta alegria e o amor andará no ar! E quando o amor anda no ar, os milagres acontecem e o mundo pula e avança. Não é só com o sonho. É essencialmente com o amor! Tenho a certeza absoluta. É das poucas coisas na vida em que tenho a certeza.

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