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Tantas lágrimas

Tanto mar, que as gotas da alma formam.
Tanto mar, que as fagulhas do coração encontram.
Tanto mar, que os olhos guardam, de lágrimas trancadas no peito.
Tanto mar, tanta água, de sal e de mel, amargo e doce, como a dores que parem amor.
Tanto amor, que a água carrega nas gotas que correm do mar dos olhos.
Tanto amor, pedaço do peito, fardo da alma, arrastado, penoso e ferido.
Tanto sal, de lágrimas engolidas, escondidas e destravadas em silêncio.
Tanto mar salgado, tanto amor cravado a ferro quente e chorado a água gelada.
Tantas penas de desencontro, lágrimas salgadas, corridas dos olhos e perdidas para o mar.

E o mar não se desafia. Chora-se e ajuda-se a aumentar as gotas das suas águas. Contempla-se. Aceita-se o reflexo que nos marca o peito. E agarra-se a esperança de que, em troca, ele nos devolva o que nos rouba. Que nos engula as lágrimas e que nos devolva o amor. Um amor tão imenso, tão profundo, tão transparente, tão revolto e tão sereno como ele próprio. Azul. Porque o amor também é azul.

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Corações à janela

De vez em quando o meu coração sai fora do peito. Deixa um lugar vazio. Cheio de nada. Vai espreitar à janela. Vai ver se existem outros corações como ele, a espreitarem, a ver se encontram o que lhes falta. Quando se espreita à janela de uma casa vazia, vê-se fora uma multidão que ainda torna mais vazia a casa da janela onde se espreita. A janela de onde o meu coração espreita tem uma vista colossal sobre a rua da amargura. Da janela vêem-se outros corações a espreitar. Uns despedaçados, outros partidos. Todos os corações inteiros e de saúde encontram-se dentro do peito onde pertencem. Quanto muito, passeiam de um peito ao outro quando se trocam palavras de amor. Não espreitam à janela de casas vazias. Mas uma casa vazia torna-se muito grande, muito solitária e muito fria para que um coração rasgado possa estar sozinho em paz a sangrar. Tem que se entreter e vai espreitar à janela. Tem que ver se encontra um outro coração com quem possa partilhar as mágoas. E faz adeus aos outros

A parvoíce de verão

Resolvi renovar a imagem deste blog. Os meus mundos necessitam de ser dinâmicos. Diz-se que as aquarianas são assim. Detestam rotinas e mais do mesmo. Assim, vou alterando o que posso alterar. Com tantas cores que a vida tem, não é necessário andar-se  sempre com os mesmos tons. Por outro lado, quando não se consegue mudar questões estruturais da nossa vida (embora nos apeteça) vamos mudando o que podemos mudar, o que está ao nosso alcance.  Resolvi então arejar um dos meus mundos mais queridos, o da escrita. Como sou eu própria, mantenho uma certa constância em termos cromáticos e de forma. Há coisas que aqui, tal como na vida, não abdico. São muito próprias, muito minhas. De resto, adoro experimentar tudo o que é diferente de mim. O que é meu eu já conheço. Interessa-me experimentar tudo o que é novo. Deve ser mesmo por ser aquariana de signo com ascendente em aquário. Muito aquário por metro quadrado! Não me safo do exotismo deste arquétipo. Falo disto como se percebesse alguma