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A mostrar mensagens de 2018

As 19 coisas mais importantes para ensinar às crias

Hoje apetece-me muito deixar escrito, para luas que hão-de vir, todas as coisas que gostaria de ter ensinado às minhas crias. Poderia ser uma ensinadela por dia, mas não sei se tenho 365 coisas para ensinar. Não faço a mínima ideia do que é que tenho para ensinar nem do quanto tenho que o fazer. É difícil a sua quantificação. Quando cada uma delas estava para nascer, a maior graça que pedi a Deus, para ambas, foi que tivesse um bom coração. As mães pedem sempre um rol de graças: que os bebés tenham saúde, que sejam perfeitinhos, bonitos, inteligentes e mais uma infinidade de coisas boas. Como sou uma pessoa prática e  procuro ser lúcida, no final da conversa com o Criador, resolvi o assunto pedindo a maior das qualidades que um ser humano pode ter: um bom coração, cheio de compaixão, de justiça e de amor. E o Pai do Céu ouviu-me. Com a Graça de Deus, as minhas crias têm bom coração. Mesmo tendo personalidades completamente diferentes, têm um coração muito maior que elas próprias. Esto

Liberdade a mais

A liberdade pode ser desconcertante. Temos tanta, tanta liberdade, que por vezes nos perdemos nela. Quantas vezes é mais fácil ter alguém que nos diga o que fazer, que nos oriente. Ou até que seja ditador e que nos dirija. É sempre mais fácil ter uma referência para contrariar. É fácil ter que lutar contra qualquer coisa externa. O problema é quando temos que lutar contra qualquer coisa interna. Quando o universo conspira para que mergulhemos, bem fundo, no nosso interior, é uma chatice. Lidar com este universo paralelo, o nosso, o de dentro, pode ser muito difícil e doloroso. Ter que alinhar a nossa cabeça  com o nosso coração. Um diz uma coisa e outro diz outra. Parecem duas galáxias em desalinho. Às turras. O engraçado da coisa é que quanto mais procuramos as respostas fora de nós, no ambiente envolvente, mais o universo nos impele para o nosso interior.  Obriga-nos a ouvir a sinfonia que vai cá dentro. Às vezes é uma sinfonia muito desafinada, em que cada um toca para o seu lado.

Bichesas

Pessoas a serem pessoas. Preferia as pessoas a serem animais. E não é de forma depreciativa, como se deve calcular. As pessoas a serem pessoas causam-nos muitas desilusões, muitas dores e dão-nos muito trabalho. As pessoas a serem pessoas são muito complexas, cheias de densidade e muito mais primitivas do que têm a pretensão de ser. Funcionam a toque de medo, de orgulho, de quem vence quem, de quem é o mais poderoso, de quem é o mais qualquer coisa. Funcionam e fazem funcionar a toque de caixa. As pessoas a serem pessoas largam setas em todas as direções, são invejosas, insatisfeitas e dissimuladas. Esta é parte que me aborrece mais ainda. As pessoas a serem pessoas são capazes de fingir o que não são e o que não sentem. Pensam uma coisa e dizem outra. Sentem uma coisa e fazem de conta que sentem outra. As serpentes são meninas de coro comparadas com as pessoas a serem pessoas. A arte da dissimulação é uma arte que não domino e que tenho muita dificuldade em compreender. Tira-me d

O Lobo bom e o Lobo mau

Há uma história muito bonita, dos nativos americanos, os índios, que eu adoro. Adoro a história e adoro os índios, claro está. Desde pequenina, quando via filmes do faroeste, torcia sempre pelos índios e nunca pelos cowboys. Sempre entendi aquela ligação e aquele respeito maravilhoso que tinham pela natureza e pela criação. Lembro-me de pensar que respeitavam infinitamente o que a mãe terra lhes proporcionava. Tinham um amor imenso pelos cavalos e não precisavam de os selar nem de utilizar esporas. Tinham um respeito imenso aos búfalos que os alimentavam. Só caçavam exatamente o que necessitavam para se alimentar. Chamavam os animais de seus irmãos! Compreendiam e aceitavam os caprichos da natureza, honravam e prestavam homenagem ao ambiente que os rodeava.  Com que então os índios eram bárbaros?! Os índios eram maravilhosos até serem dizimados pelos colonos. Esses sim, bárbaros até dizer chega. Eu adoro os índios. Adoro os índios de todo o mundo. Adoro todos os povos que respeitam

Migalhas

Existem alturas na nossa vida em que as melhores decisões doem que se fartam. Em que a escolha tem que ser feita a pensar em nós e não apenas a pensar no bem estar dos outros, como de costume. Existem momentos em que temos que escolher entre amarmo-nos a nós próprios ou amar o outro. Sabendo que as duas coisas em simultâneo não são compatíveis. Sabendo que não nos mantemos íntegros e inteiros se persistirmos em amar sozinhos. Amar sozinho ou amar pelos dois é uma situação que tem os dias contados à partida. Não se aguenta durante muito tempo. Pesa mais do que aquilo que o nosso coração suporta. Por outro lado, no amor ninguém manda. Ninguém decide por quem se apaixona, nem ninguém tem culpa que o outro se tenha apaixonado. Mas estas histórias evoluem e alimentam-se de reciprocidade. Sem reciprocidade, sem equilíbrio, só amor não basta. E só amor de um lado então é que não basta mesmo. Quando um dá e outro recebe, não é dividir a coisa a meias. É uma relação unívoca, só com um sentido

Mea Culpa

Estava aqui a pensar em como é fácil perder-se a noção das prioridades, da hierarquia das coisas, da importância e do valor. De repente, na primeira contrariedade, tudo se mistura e uma farpazinha num dedo transforma-se numa calamidade física. É tão fácil perdermos a perspetiva e o foco. De repente, já não sabemos para que lado andamos. Aconselho sempre ver o telejornal para que as nossas maçadas se coloquem no devido lugar. Tanta energia que gastamos a preocuparmo-nos com coisas que nem ainda aconteceram, com o futuro e com todos os " e ses" do nosso mundinho pequenino e ridículo. Se olharmos para o que se passa no mundo, com outros iguaizinhos a nós, passa-nos logo a vontade de termos pena de nós próprios e de termos medo de nada e de tudo, principalmente do que não aconteceu. As desgraças que estão a acontecer não podem ser vistas como quem vê um anúncio na TV. Já que infelizmente aconteceram, já agora, vale a pena mostrarmos um bocadinho de respeito e de solidariedade co

A tertúlia e eu

Sabem que esta coisa do escrever tem que ser com alma. Não se escreve como quem cozinha ou como quem arruma um armário. Escreve-se com o coração, com a essência. Com o sofrimento, com a alegria, com o amor profundo, com a emoção, com a contemplação, com a ferida, com a sangria desatada. Não se escreve com as palavras. Escreve-se com sangue, com aquele que jorra do coração. Ou escreve-se com a luz que sai da alma.  Ponto final parágrafo.  As palavras são apenas os pingos de tinta que fazem com que os outros vejam, oiçam, sintam ou percebam o que nos vai por dentro. A escrita faz com que eu própria consiga colocar ordem nas minhas emoções e nos meus sentimentos. Escrever faz com que eu consiga conhecer-me melhor. E quanto melhor eu me conheço, melhor sou para os outros. Mais compreensiva, mais tolerante, mais paciente. Com a escrita aprendi a escutar melhor o meu coração. Aprendi a desligar mais a cabeça. Quando escrevo só quero a cabeça a servir de dicionário. Só serve para encontr