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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2017

Uma palavra muito feia

Procrastinar. Hoje vou escrever sobre esta arte de “(…) deixar para depois; fazer mais tarde, adiar, etc.” Que palavra feia! Parece um palavrão daqueles bem cabeludos! Um verdadeiro palavrão, ao ser dito, normalmente causa alívio a quem o diz. De vez em quando sai-me um pela boca fora e faz-me um bem desgraçado. Baixa-me a pressão e deita-me água na fervura. Funciona assim como um calmante em modo de SOS. Agora esta palavra feia – procrastinar – tem exatamente o efeito contrário em quem a usa. Carrega a pressão, aumenta o stress, a ansiedade e o sofrimento. Também tem um significado muito impostor: parece que causa algum alívio momentâneo quando deixamos para depois qualquer coisa que nos chateia. Mas esse alívio é mesmo momentâneo. É como quem pára a ganhar balanço para depois se atirar contra a parede com muito mais força, fazendo muito mais estrago. Já entraremos por esta questão adentro.  Hoje falei com alguém (muito importante e que mora no meu coração) que anda com esta

Pesos e medidas

Hoje tenho estado a pensar sobre as medidas da importância. Como é que se pode medir o quanto nos importamos com os outros ou o quanto os outros se importam connosco. Cada um de nós tem o seu peso e a sua medida. Porque não existe uma medida universal para algo tão importante na nossa vida? Não entendo. Existe formas de medir a tendência para o mais infinito e para o menos infinito - que ninguém sabe exatamente o que isso é - e não se mede o quanto somos significantes uns para os outros. Pelos vistos não se consegue encontrar, de forma tangível, a área que ocupamos nos outros corações. O peso que temos na vida desta ou daquela pessoa. Ou a distância que nos separa e aproxima. Nem a velocidade com que nos encontramos. Nem a profundidade com que sentimos. Não sabemos ponta do quanto, de forma palpável, contamos para a felicidade dos outros. Ou que diferença fazemos nas suas vidas. Ou se lhes dividimos as tristezas, pomos em comum os gostos e multiplicamos as alegrias e os sorrisos. Pare

As minhas janeiras

Queria que o Ano Novo cheirasse a morangos. E que fosse macio como as nuvens. E que fosse quentinho como o entardecer de junho. Queria que o Ano Novo fosse sereno e ternurento. Queria que me matasse a sede de calmaria. Queria que fosse um caminho largo e reto, sem curvas. Queria que o Ano Novo soubesse a mar, salpicado a flor de sal. Queria que me matasse a fome de vida. E que me lavasse as mágoas, cruas. Queria que o Ano Novo fosse recém-nascido. E que viesse apenas com a Graça que Deus lhe deu.  E que trouxesse duas estrelas do Céu.  Todos os recém nascidos trazem duas estrelas, uma em cada olho pestanudo. Uma ilumina o dia e a outra ilumina a noite. É o bastante. Queria que o Ano Novo fosse uma cama de rede.  Onde o nanar tem um efeito reparador. E a alma descansa, serena. Queria que o Ano Novo fosse um copo de pé alto. Com dois dedos de bom vinho tinto. Saboreado calma e intensamente, na melhor das companhias.  Queria que o Ano Novo tivesse a pureza e a lib

A sorte não existe

Estou a ouvir uma música que gosto muito e cujo refrão é assim do género "...deixa-te ficar na minha casa, há janelas que tu não abriste...ainda tens que me dizer porque é que nunca partiste...". Estes bocadinhos de refrão resumem a coisa. É difícil deixar partir quem foi muito significante na nossa casa, isto é, no nosso coração. E por mais que se salte de grande amor para fora, se a coisa não ficar bem resolvida, não descola, não desanda. Fica presa ao coração de uma forma viscosa, peganhenta e não há forma de arrancar. Vale a pena pensar nisto. Para se sair de um grande amor, ou se sai à força porque é o amor que sai de nós, da nossa casa, ou é melhor pensar bem sobre o assunto. Tudo tem o seu tempo e o seu momento certo. Claro que por motivos de personalidade, esta é uma das minhas maiores dificuldades: perceber o tempo certo das coisas e das pessoas. É uma aprendizagem diária. E os amores também têm um tempo certo para tudo. Até para serem arrancados do peito. E, mesm