Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2015

Quando o corpo apita

Quando começamos a trocar receitas e mezinhas para as maleitas do corpo com os nossos amigos, mal vai a história. Digo sempre que a idade é uma coisa maravilhosa. É maravilhosa para a cabeça, para o coração e para a alma. Mas para o corpo…é uma maçada. Estou naquela fase em que o caruncho está a entrar por todo o lado, principalmente nas articulações e nos ossos. E dei por mim a trocar sacos de água quente, com almofadas anatómicas e massagens de nem sei do quê. Quando começamos a trocar este tipo de informações em vez de ser onde é que se janta muito bem e que espetáculos é que andam em cartaz, o caso já vai feio. Para nós e para os nossos amigos. Pois é. Estou outra vez em ponto de rebuçado só pelas dores que vou tendo. É que eu não tenho paciência para isto. Fico impertinente. Desassossegada e irritadiça. Por vezes, o desassossego vem no corpo e na alma ao mesmo tempo. Ainda bem não dei conta das dores do coração, lá me fica o corpo também cheio de não presta. Também é verdad

Impulsos

Por vezes os dias não são tão bonitos como gostaríamos. De vez em quando deixamos que aquilo que nos causa tristeza leve a melhor. Estas balanças internas onde pesamos o lado solar e o lado lunar das coisas são um bocadinho traiçoeiras. Como sou movida a otimismo, esperança e paixão, tento sempre que o prato solar da balança conduza o meu estado emocional. Mas nem sempre consigo. Umas vezes é um bocadinho mais difícil do que o habitual. Hoje é um desses dias choramingões onde me apetece entristecer só porque ainda não consegui destilar as gotas de lua que me invadiram o coração.  Às vezes necessitamos de ajuda para fazer a destilagem daquilo que nos entristece. Mas nem sempre essa ajuda está disponível. Coincidentemente ou não, quem nos pode ajudar a transformar as gotas de lua em gotas de sol, está também num processo similar e não consegue estar no comprimento de onda que lhe permita ver para além das suas próprias tristezas, que já são muitas. E não há nada a fazer.  Tenho

Uma rosinha encantada

No meu jardim existe uma linda rosa encantada! Daquelas que brilham no meio de um milhar de outras rosas. Perfumam constantemente o ambiente com um odor doce, suave, mimoso e pacificador. Esta é rosinha é a mais especial rosa que existe no meu jardim! Está taco a taco com uma florinha selvagem que também lá vive. A minha rosinha é encantada porque não existe outra como ela. Para além de encantadora, a minha rosinha tem uns dons muito raros de encontrar em rosinhas tão pequeninas e delicadas. Tem uma magia em si própria que se não fosse uma flor, seria com certeza uma fada. Uma linda fadinha com uma varinha mágica que espalharia pós de perlimpimpim só para fazer os outros felizes. Mas não é uma fada, é uma flor o meu jardim! Eu sou uma jardineira muito orgulhosa das sementinhas que foram parar ao meu jardim. Esta semente de rosa encantada, é fantástica! Principalmente porque é única. A minha rosinha encantada tem o maior dos dons. O dom pelo qual, todos os dias, dou graças a Deus

Verão de S.Martinho e compaixão

O verão de S. Martinho é a ultima réstia de alegria climatérica até à primavera. Eu entendo que tudo faz falta, a chuva, o frio, o tempo pingão. Tudo faz parte da natureza e do seu equilíbrio. Eu entendo. Mas não gosto. Nem sequer sou uma pessoa friorenta. Mas a chuva, que é preciosa e faz muita falta, retira-me a liberdade. Retira-me a espaço de manobra. O mau tempo não me deixa fazer aquilo de que tanto gosto: andar livremente por aí sem preocupações a apreciar a natureza, a verdadeira e a urbana. Pois claro que também existe uma natureza urbana que me encanta. Observar o mundo é um dos meus passatempos preferidos. Entender cenários e histórias é uma delícia. Eu poderia viver num sítio onde fosse sempre verão. Perto do mar e com muito verde. Não me farto do bom tempo. Não me farto das roupas leves. Detesto muita roupa, muitas camadas, casacos, luvas, gabardinas e guarda-chuvas. Este tipo de acessório incomoda-me. É mais uma tralha que só carrega o espírito. Gosto de leveza também no

Equilíbrio

Os travões são peças fundamentais não só nos automóveis e meios de transporte em geral como também no relacionamento interpessoal. Tenho andado a refletir sobre este assunto. Claro que esta reflexão tem uma raiz de vivência. Sendo uma pessoa cheia de pensamentos e com mundos e mundos por dentro, há sempre coisas a borbulhar na minha cabeça e no meu coração. Ainda por cima sou extrovertida, espontânea e enérgica. Embora seja cada vez mais reservada em termos daquilo que partilho com os outros e com o mundo, existe um conjunto (pequenino e especial) de pessoas com quem tenho vontade de partilhar cada vez mais. E aqui é que entram os travões. Com ABS e tudo. Muitas vezes tenho que me conter, tenho que guardar, perceber se é ou não o momento para desapertar o garrote. O tal que controla o fluxo entre as minhas fronteiras e o mundo. Para se poder desapertar o garrote e aliviar o travão, é necessário perceber-se qual é medida dos outros. Isto porque não se pode despejar e pronto. É muit

Um coraçãozinho partido

O coração é o nosso órgão mais resistente. Bate noite e dia, anos a fio sem reclamar nem pensar em tirar férias. Só pede que o tratemos com o mínimo de dignidade. Que o cuidemos tal como ele cuida de nós. Na verdade ele cuida muito melhor de nós do que nós cuidamos dele. Por vezes até o cuidamos bem mal. Fazemos com que bata acelerado, descompassado, colocamo-lo na boca, nos pés e em qualquer outro lado desde que a ansiedade assim o deseje. Às vezes apertamo-lo tanto no peito que parece que o vamos rebentar. Damos-lhe arritmias, taquicardias, ralações, nervoso miudinho, angústia e mais um conjunto de presentes envenenados que o deixam tão intoxicado e frágil. Mesmo assim, o nosso coração teimosamente resiste e continua a bater, velando pela nossa sobrevivência. Apesar de todas as maldades que lhe fazemos, parece-me que aquilo que o magoa mais (ao coração) é o facto de não o ouvirmos. Passa a vida a berrar para ser ouvido. Já se sabe que berrar também não dá muita saúde a ninguém.