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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2015

Excessos

Parece-me que agora estou numa fase em as coisas que vou lendo me vão inspirando a escrever. Uma das minhas grandes paixões tem a ver com a leitura. Adoro ler. Sou tão feliz a ler. Admiro tanto os escritores e os poetas que com as palavras que estão acessíveis a todos fazem verdadeiras maravilhas e milagres. Relatam a realidade, inventam realidades, ajudam-nos a encontrar a nossa realidade. A mim particularmente, e dito de uma forma muito simplista, ajuda-me a ser cada vez mais eu própria. Ajudam-me a não ter medo do que encontro cá dentro. A literatura sempre tem pontos de ligação com a nossa realidade e com a nossa fantasia. Com as nossas emoções. Os livros permitem tudo. Dão-nos verdadeiramente asas. Com a poesia alimentamos o nosso coração. Ou damos-lhe companhia quando a coisa está um bocadinho torta. O nosso coração percebe que não sofre sozinho. Percebe que alguém, algures, sente uma dor parecida. Sente um sentimento tal e qual. Que afinal de contas, nunca se está sozinho em co

Corações, bênçãos e lições

Hoje li uma frase que me deixou a pensar. A frase era qualquer coisa do género: "Os cães podem destruir o nosso jardim, roer os nossos sapatos e estragar os nossos móveis mas nunca vão partir o nosso coração". Tão verdadinha... Já há algum tempo que escrevi sobre os animais e particularmente sobre a minha cadela. Sobre o amor que eles nos oferecem gratuitamente. Hoje apetece-me mais falar desta história de partir o coração. É bem verdade que os animais são um exemplo do que é o amor incondicional. Apesar dos pesares, sempre nos amam, pedindo pouco mais do que nada em troca. E se outro elemento entra na matilha, também cabe no coração, não trocam uns elementos pelos outros, não destroem laços afetivos. Apenas fortalecem uns e estabelecem novos. Concluindo: não quebram corações! O quebrar do coração é uma experiência um bocadinho dolorosa. Difícil de tragar. E se engolida, é o caneco para ser digerida. A mim  parece-me que Deus, na sua infinita sabedoria, colocou o cor

Máquina do tempo

Às vezes sinto-me um bocadinho esquisita. Na verdade, na maior parte do tempo, sinto-me esquisita e diferente. Sem pertença, sem afiliação específica. Apenas sinto que pertenço a alguns universos distintos. Sinto que pertenço no mar, no campo, na natureza em geral. Também em alguns locais, em alguns sítios que transbordam história. Adoro coisas antigas. Mas não sou agarrada ao passado. Apenas me fascina. Ajuda-me a compreender o presente e, mais ainda, a pensar sobre o futuro, no meu, no das comunidades e no mundo em geral, na sua evolução. Fascinam-me as sabedorias antigas, o conhecimento, as diferenças. Por exemplo, adoraria enfiar-me um mês no Louvre, outro mês na biblioteca do Vaticano e outro mês na Torre do Tombo. E que me deixassem ver tudo à minha vontade. Que alegria. Seriam 3 meses muitíssimo bem passados. A descobrir como verdadeiramente as coisas aconteceram. Ou pelo menos como ficaram registadas. Entender a nossa evolução enquanto seres sociais e do mundo enquanto nosso h

Ser livre

Li uma frase fantástica do também fantástico Paulo Coelho. Reza assim: "A vida de uma pessoa livre é considerada ofensiva para todos que vivem presos a aparências e regras." Mais uma vez, uma excelente desculpa para refletir sobre mim própria e sobre a vida. E volto a pensar na liberdade que significa ser-se como se é. Não há supremacia da essência interior sem liberdade. Sem se ser livre. Ser-se quem se é, de forma livre, é um processo que começa de dentro para fora. De descoberta interior e de correspondente ação no meio exterior. Ser-se o que se é e atuar-se em conformidade. Simples assim dito, não é? É uma maravilha em termos de paz de espirito! Mas tem um preço muito elevado. Estaremos dispostos a pagar este preço? Estaremos dispostos a sermos considerados ET’s, libertinos, esquisitos, diferentes, incompreensíveis? Ofensivos, no final de contas. Porque as pessoas têm a tendência para se assustar com o que não compreendem. Têm igualmente a tendência para dene

Bichinhos da Seda

Hoje vou escrever sobre os bichinhos da seda. Não é que eu perceba alguma coisa do assunto. Cientificamente não sei nada. Apenas me encantam desde que me lembro de ser gente. Como qualquer outra criança, também tive uma caixinha de sapatos vazia com uns bichinhos da seda lá a morar. Lembro-me de como as lagartinhas eram macias ao toque. Tão macias e delicadas. Se fechar os olhos, ainda consigo sentir a suavidade dos seus corpitos cinzentos. Lembro-me que os contemplavam muito. Passava muito tempo, perdida nas minhas observações e pensamentos, a fazer companhia aos meus bichinhos da seda. Lembro-me de pensar como eram engraçados a traçar as suas veredas nas folhas de amoreira. E como deveriam enjoar por comer sempre a mesma coisa. E porque seria que só comiam folhas de amoreira? E porque não uma verde e fresquinha folha de alface? É verdade, uma vez resolvi mudar-lhes a dieta e matei uma data deles. Fartei-me de chorar. Mas foi uma lição aprendida: não bulir com as leis da natureza.

Gotinhas de água

Pergunto às ondinhas do mar onde foi que me perdi… Elas não sabem, não me encontram. Talvez no inverno, com as águas revoltas. Talvez me vejam. Talvez apareça.  Com o mar calmo, como se encontra o que lhe pertence? Como se separam gotinhas iguais de outras gotinhas iguais? Como se encontra a imensidão no meio do oceano?  Nem o mar sabe. Nem o oceano sonha. Sentem-me mas não me encontram. Sabem-me dissolvida e espalhada por toda a sua água mas não me conseguem alcançar nem reconstituir. Não em calmaria. Não no embalo. Talvez na revolta das ondas ou no meio dos remoinhos me consigam emergir. Pelo menos os bocados partidos. Talvez estes possam ser lançados à praia e colados com a espuma das ondas. Talvez o sal possa enrijecer as estruturas, talvez as estrelas refletidas na água me possam iluminar para que não me volte a dissolver no maravilhoso descanso da água salgada. Do silêncio que encerra e que pacifica o âmago, a alma. O berço do mar é o mais protetor e

Folhinhas de louro

São folhinhas tão simples e tão singelas que ninguém quer saber. Ninguém dá nada por elas. Talvez 50 cêntimos por um molhinho virado de cabeça para baixo. Para secar. Para durarem mais tempo sem nenhum cuidado especial.  Talvez escondidas atrás da porta da cozinha para que ninguém as veja. Para que não apanhem luz nem incomodarem o olhar.  Para ficarem bem secas e estaladiças. Sem vida. Pobres folhinhas de louro…o estalar de uns enriquece o paladar de outros. Mesmo quando não se dá por isso. Enquanto um molho de folhinhas tristes de cabeça para baixo, inertes e envergonhadas vão aromatizando o paladar e o mais básico alimento, outros engrandecem-se com coisa nenhuma. A humildade e a versatilidade de uma simples folhinha de louro deveria servir de exemplo para quem tem a barriga grande e não é capaz de apaladar a vida de mais ninguém. É preciso ter-se um narizinho um bocadinho mais apurado do que um vulgar narigudo metediço para se apreciar o aroma das folhinhas de

Abismos

Perante o abismo existem 3 opções. Voltamos para trás. Ficamos à sua beira, paradinhos, sossegadinhos, a rezar para não se escorregar e cair ou então refletimos sobre a coisa e tentamos encontrar uma solução. A solução mais indicada. A melhor para nós. Os abismos são sempre muito assustadores. Normalmente muito altos, com muitas escarpas, sem fim à vista. Profundos. E tudo o que não se vê e não se conhece, assusta. São escuros e demasiado silenciosos. Também podem ser escuros e demasiado ruidosos. Depende do tipo de abismo. Ou da forma como se nos apresenta. Qualquer uma das atitudes face ao que nos parece um abismo requer um determinado tipo de maturidade, estrutura ou de circunstância pessoal. Claro que o encontrar de uma solução é sempre a atitude mais difícil, numa primeira instância. Mas também será a atitude mais resolutiva. Mesmo quando podemos voltar para trás, tarde ou cedo, esse ou outro abismo vai voltar à nossa vida e teremos que o voltar a enfrentar. E os abismos sã

Coragem

Depois de um interregno para descansar, refletir e ganhar energia para um novo recomeço, apetece-me partilhar algumas ideias sobre o conceito de coragem. Muitas vezes penso nele. O que é ser corajoso? Qual é, na essência, a sua definição e qual será o seu contrário? Este é um momento em que me predisponho e em que me faz sentido pensar um bocadinho sobre este assunto. Sempre penso na coragem quando não se consegue dizer o que nos vai no pensamento ou na alma. Por vezes temos medo de dar uma notícia menos boa. De dizermos o que nos parece a verdade. De enfrentarmos o medo de magoarmos alguém. De, no fundo, lutarmos contra o que nos assusta. Contra o medo de uma forma geral. E o medo é a antítese do amor. Assim, sempre que somos corajosos e lutamos contra qualquer tipo de medo, estamos a abrir caminho para o amor. A fazer com que este ganhe terreno. A chatice é que ainda por cima, é mais fácil ter medo do próprio amor do que recebê-lo e deixá-lo tomar conta de nós, incondicionalment