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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2015

Palavra passe: coração

Pensava que por hoje tinha esgotado as palavras. Mas as dores nas minhas costas não abrandam e tenho que fazer alguma coisa que me pacifique. Só pensar não chega. Sou constantemente interrompida pela mal-educada da minha lombar e pelo insolente do meu nervo ciático. Falta de berço, foi o que eles tiveram. Não se atrapalha assim a vida de uma pessoa, principalmente sem se fazerem anunciar. Quando lhes dá na bolha, aparecem e já está! Atiram-me para a cama quando há tanta vida para viver. Sou mesmo obrigada a revisitar o meu interior. Um dos meus mundos, o que estiver mais à mão e o que não necessitar de tanta concentração. Um dos meus mundos tem a ver com as pessoas que me são especiais. E elas passeiam por ele livremente. Até porque eu seria incapaz de prender alguém. Nenhum dos meus mundos tem amarras ou prisões, muito menos onde estão as minhas pessoas especiais. Também lá estão os meus anjos da guarda e ainda os anjos que eu guardo. Também lá estão pessoas que, não fazendo part

A lua, os homens e as dores nas costas

Hoje estou numa lua má. Há luas boas e más como tudo na vida. Por vezes, a influência da lua pode ser uma maravilha. Inspiradora, apaziguadora, romântica ou outra coisa qualquer. Conduz as marés e os ânimos. Não sei porquê mas parece-me que as mulheres são mais influenciadas pela lua do que os homens. Os homens são influenciados por qualquer força vinda de um planeta ainda desconhecido. A lua, pelo menos, conhece-se e sabe-se a influência que tem num montão de coisas na natureza. Sabe-se que tem fases, desde o esplendorosa até ao "não quero ver ninguém", é caprichosa e a sua influência é subtil e silenciosa. É verdade, a lua é feminina, sem sombra de dúvida. A própria lua tem luas.  Os homens não se sabe. São criaturas incompreensíveis.  Às vezes são simples, simples, a preto e branco. Tão simples, tão simples que nem parece possível e custa a acreditar. Outras vezes tão complexos que será preciso ter pelo menos dois doutoramentos para se começar a conseguir formular hip

O tema da meditação

Olá!  Bem-vindo a este texto! Hoje vou falar um bocadinho de uma atividade que adoro. E mais do que adorar, proporciona-me - como costumo dizer - fichas de bem-estar.  Hoje é dia de meditação. Eu sou daquelas que pensava que nunca ia conseguir meditar na vida! Como o meu cérebro não pára, adoro aprender, pensar, fazer associações de ideias, imaginar e criar cenários, achei que era uma atividade impossível para mim. Por vezes a minha cabeça parece uma centrifugadora de palavras e imagens. Não sossega. Mas isto não me cansa nem me indispõe. Sempre foi assim e não sei ser de outra maneira. Claro que chegou uma altura em que gerir o que se passa na minha cabeça e, em simultâneo, gerir as emoções, os sentimentos e a vida toda que acontece no meu coração, se tornou difícil. Somos um acumular de vida. E como a idade é uma coisa maravilhosa – é suposto dar-nos sabedoria – temos que fazer alguma coisa para continuarmos bem, alegres, saudáveis e bem estruturados. Então encontramos algumas

Os bichos e a vida

Eu adoro bichos. Particularmente dos que conseguem demonstrar o que sentem. E gosto especialmente da minha pequena cadela. Gosta de mim incondicionalmente. Nunca ninguém me recebeu nem recebe tão bem como ela me recebe quando chego a casa. Sinto-me como se fosse o bicho mais importante da sua vida! E isto é uma maravilha. Não guarda ressentimentos nem rancores. Tem um coração puro. Se me zango com ela, no momento seguinte, já abana o rabito, outra vez, toda contente. E eu só preciso estar. Ser o que sou. Sem stress, sem complicações. Não preciso de fazer nada de especial. A sua definição de paraíso é dormir enroladinha no meu colo e, de vez em quando, comer uma guloseima dada pela minha mão. Tão simples e tão bonito. Costumo dizer que a minha cadela é espiritual como bacalhau! E costumo dizer isto porque nos meus momentos de oração e de meditação, a bichinha parece que sente e vem disparada ter comigo, nem que esteja na outra ponta da casa. E, simplesmente, acompanha-me. Fica ao p

Coração de queijo suíço

A saudade é um ratinho que vai roendo o coração. Este fica assim como queijo suíço, cheio de buracos, cheio de nada. Cheinho de ausência. De vazio. E o vazio dói. E os buraquinhos vão crescendo, sendo maiores até já quase só ficarem as casquinhas do coração. A saudade é uma malvada. É implacável. Rasga a direito, sem compaixão. Olha-me nos olhos e desafia-me. Sabe que não há nada que eu possa fazer para a mandar embora. Para a tornar menos forte, só posso falar sobre ela. Para que ela saiba o que penso e não a deixar imaginar que é assim tão poderosa. Isso é que era bom! Não lhe dou esse gostinho, para além de que se devem separar as águas. Poderosa é a causa que a chamou. É o que está na sua origem. Ela não. Não tem nenhuma influência sobre mim. Só dói. E trato-a como trato todas as dores do coração, da única maneira que sei fazer: deixo doer até não poder doer mais. Até ela querer. Como não luto contra e não a ignoro, a saudade só pode ser o que é. Não ganha mais força. Não me d

O amor e a certeza

Numa pequenina caixinha cabe o universo inteiro.  É só imaginar que o universo é tão infinito para o pequenino, como é infinito para o grande.  E qualquer simples caixinha serve para guardar todo o seu tamanho. Da mesma forma que uma caixinha pode guardar o universo, o nosso coração também pode guardar todo o amor do mundo. E do universo. E de Deus. O amor não se mede, não tem largura nem comprimento, não se  pesa, não tem matéria, não se vê. Só é. Simplesmente é. E o amor ao ser, sente-se. E tem tantas, tantas, mas tantas dimensões. E tanta energia. Junta a energia de todas as estrelas de todas as galáxias que existem (as que conhecemos e que não conhecemos e que cabem na tal caixinha pequenina.) E é a força mais poderosa do universo! (Não me canso de repetir isto.) É a força que constrói, que cria, que salva. Nada no mundo salva mais e melhor que o amor. Salva o próprio mundo.  Nada no mundo mata mais e pior que a sua falta. Que a sua inexistência. A falta de amor tamb

O sol e o mar

Inaugurei a minha época balnear!  Uma coisa banal, que se repete todos os anos desde que me lembro de ser gente. Nasci e cresci perto da praia, perto do mar. As minhas melhores recordações da infância, têm sempre o mar e a praia à mistura. Daí que seja tão significativo. Acho que nas veias me corre um bocadinho de água salgada, que é para me temperar o sangue e a vida! É-me muito fácil fechar os olhos e ouvir o barulhinho das ondas na maré vazia, ou sentir o cheiro da maresia pela manhã bem cedinho ou num fim de tarde quentinho…às vezes, quando preciso de me pacificar, chamo estas sensações e imagens à minha consciência para que me seja mais fácil encontrar a paz, relaxar e até meditar. Mar e meditação conjugam perfeitamente. Entendem-se plenamente. São complementares. Nunca vivi longe do mar. Não sei se seria capaz… O sol e o mar são carregadores de baterias. São fonte de vida. Mais uns lugares-comuns, não é? Mas para mim, nada tem a ver com as questões ecossistémicas, cien

Uma florinha selvagem

Tenho uma magnífica flor no meu jardim. É uma florinha que nasceu à 16 anos atrás. Foi parida com muita dor e com muito, mas muito amor. Foi o botãozinho de gente mais bonito que alguma vez vi! Apaixonei-me imediatamente! A paixão pela flor pequenina transformou-se em amor incondicional. Um amor que dura até hoje e que será eterno. É o sentimento mais bonito do mundo. Porque cresce um bocadinho todos os dias. Também é verdade que a nossa primeira flor é a flor que nos muda a vida. É a flor que entra por nós a dentro, por cada um dos nossos poros. Por cada inspiração, por cada piscadela de olhos, por cada sopro de vida. Esta florinha, é tão especial! É linda como uma rosa. Das selvagens. Porque a minha flor (que não é minha, é dela própria e do mundo), é um espírito livre. Tem a liberdade na sua essência. E a liberdade tem a ver com o ser coerente consigo própria e com o seu imenso coração. Por vezes, para mim, jardineira neste jardim, é difícil perceber que esta rosinha te

Um botão

O que é um botão? Pode ser de flor. E é lindo. Pode ser de amor E também é lindo. Pode ser de apertar. Na camisola ou no coração. Em ambos, aperta que se farta. Se a camisola é pequena e o coração transborda, o aperto quase mata. Quase sufoca. Só um botão de flor se escapa. Não me escapo ao aperto do coração. Quanto maior é o coração, mais doem as dores. Quanto maior o aperto, maiores são os amores. Se o coração fosse um botão, quase não se partia.  Só encaixava na sua casa, depois de bem pregado a linha. Um grande coração, tem muito por onde partir…e não se prega de volta.  Às vezes cola-se bocado a bocado, caco a caco, como se fosse de azulejo.  E já não é coração, é chão. E já não é amor, é desejo.

As fadas e as bruxas boas

Eu sou uma bruxinha boa mas deveria de ser uma fada. Uma fada é sempre maravilhosa. Serena, delicada e doce. Flutua elegantemente. E tem uma linda varinha mágica que deixa um rasto de pó de estrela. Daquele dourado. Que faz os outros flutuarem também. Uma bruxa boa também tem uma varinha, melhor dizendo, uma vareta. Também faz magias, embora por vezes saiam um bocadinho tortas. Às vezes faz os outros flutuarem. Se eles quiserem, claro. Mas também caem por sua causa e até se magoam. A varinha (ou vareta) é uma coisa delicada. A bruxinha boa esquece-se deste pormenor muitas vezes. E, tal como um elefante numa loja de porcelana, toca de acenar com a vareta por todo o lado, espalhando pó como se não houvesse amanhã... por vezes, tanto pó até causa algumas alergias. E os espirros são mais do que muitos…e a bruxa boa fica assustada e pensa com os seus botões: - “Tenho que ter cuidado com o pó de estrela que espalho por aí…qualquer dia, as pessoas fogem com medo de apanharem com

A vida sem aviso

Quando uma desgraça como a que aconteceu no Nepal acontece em qualquer parte do mundo, temos que parar e refletir um bocadinho. Temos a obrigação moral de honrar a vida e a perda daquelas pessoas. Iguais a nós. A única diferença é que estão quase no outro lado do mundo. E nós estamos do outro lado do mundo deles. Somos os outros dos outros. Parece-nos que cada um de nós deverá fazer o que puder para que toda aquela perda e sofrimento não seja completamente em vão. É verdade que não podemos todos desatar a ir para o Nepal ajudar aquelas pessoas. Não podemos todos fazer essa viagem ao quase outro lado do mundo. Mas podemos fazer uma viagem interior ao outro lado do nosso mundo. Ao mundo de cada um de nós e que tantas vezes também sofre cataclismos de diferentes tipos. Podemos fazer alguns exercícios que nos ajudarão a viajar melhor. E se o que aconteceu no Nepal, acontecesse aqui na minha cidade, na minha rua, na minha família? E se eu perdesse, de um momento para o outro, todos os