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Uma gota de sabedoria

Olá!

Hoje estou em estado de derrame da veia da escrita, como costumo dizer. Apetece-me escrever. Todos deveríamos ter algumas atividades que sejam verdadeiramente libertadoras. Como tenho muita energia, muitos sentimentos, muitas gotas na minha alma e os meus pensamentos nunca param, tenho que encontrar estratégias para acalmar, pacificar, colocar a cabeça em ordem, em paz. Claro que isto só tem sido possível com a maturidade, com a idade. O tempo e a idade são coisas maravilhosas embora, às vezes, não sejam encaradas como tal.

A idade dá-nos uma capacidade muito maior de lidar com as coisas difíceis e de apreciar e valorizar as coisas simples e fáceis. Coloca tudo em perspetiva. A experiência, as vivências, dão-nos uma das virtudes que mais aprecio: a sabedoria. A sabedoria contém verdade, justiça e muito amor. A sabedoria é paciente, pacificadora e é fermento de bondade. Quanto mais se usa, melhor se sabe usar. A sabedoria implica que se lidem as situações de acordo connosco próprios e em simultâneo e com a mesma expressividade, se saiba respeitar o outro. Estas frases parecem lugares comuns. Infelizmente, existem frases que são utilizadas porque são bonitas e dão um certo charme a quem as utiliza. Para mim, as palavras são preciosas. Deverão ser utilizadas com muito respeito e bastante pensadas. Também com sabedoria.

Saber que quando falamos do respeito pelo outro devemos ter em conta uma coisa que é muito, muito difícil de fazer embora todos falem sobre o assunto como se fosse banal: aceitar o outro tal e qual como é. Aceitar o outro tal como ele é em si próprio mas principalmente em relação connosco. Quantas vezes somos capazes de encontrar a solução para a vida dos outros. É tão fácil, com as nossas capacidades e circunstâncias. Com as nossas qualidades, virtudes e forças. Tão simples! Mas, e com as capacidades, circunstâncias, recursos, virtudes, dificuldades, forças e fragilidades do outro? Será que perdemos o tempo suficiente com as outras pessoas para sabermos quem são e do que são capazes para podermos sequer ousar, sugerir, uma resolução de vida?

Se formos verdadeiros connosco próprios, por vezes, descobrimos que nas circunstâncias do outro, sendo quem nós somos, não conseguiríamos fazer melhor. Por vezes ainda, se formos verdadeiramente honestos, descobrimos que faríamos bem pior! Seríamos menos capazes. Como afinal, a tal vida do outro pode ser uma verdadeira lição de vida para nós! Se descobrirmos estas pequenas gotas de humildade, caminhamos em direção da sabedoria. Mãe de tantas virtudes! A sabedoria é mãe da paz, da tolerância, da aceitação dos planos da vida sem temor e com alegria. Sabendo que a vida tem planeado para nós aquilo que nos fará bem. Será que temos a sabedoria para fazermos essa escolha? Um verdadeiro desafio! Escolhermos o que verdadeiramente é melhor para nós, apesar de não parecer, apesar de ser caótico, de não ter lógica e racionalidade, apesar de não compreendermos...difícil, não impossível.

Começamos por ouvir o coração. Tudo o que vos falo está no coração de cada um de nós. Pois é lá que Deus se encontra. A centelha Divina está no nosso coração. Deus não é uma entidade altiva, longínqua, inalcansável, justiceira e castigadora. Deus está em nós e nós n'Ele. Tal como nós somos corpo e pensamento, indissociável. Deus é indissociável de nós. Está no nosso coração. Mas a escolha de O ouvir, de  O amar, e partilhar a nossa vida com Ele é, de facto, nossa. Mesmo quando nós não cremos n'Ele, Ele crê em nós. Mesmo quando andamos arredios d'Ele, Ele nunca se arreda e nós. Acompanha-nos sempre, de forma discreta, pois na sua infinita sabedoria, respeita profundamente as nossas escolhas. Coisa que nós, muitas vezes, não só não entendemos como não somos capazes de fazer com os que nos rodeiam. Temos a mania de não respeitar as escolhas de cada um. Se soubéssemos ouvir melhor o nosso coração e, por inerência, a Deus, saberíamos fazer tantas coisas bonitas...coisas tão simples e tão complexas como respeitar, aceitar o outro e as suas escolhas. E também  a aceitarmo-nos a nós próprios. Também com amor. Se Deus nos aceita incondicionalmente e escolheu estar no nosso coração, como duvidar da Sua infinita sabedoria? Como duvidar da Sua escolha? Se Ele acredita em cada um de nós, porque não acreditarmos também? O que temos a perder? Nadinha! Só a ganhar. Começando tudo isto por nos amarmos a nós próprios. Também mais uma frase banal. Mas tão difícil...

Amarmo-nos começa por sermos. Não por termos, nem parecermos. Se a cada um de nós fosse retirado tudo o que temos e tudo o que somos capazes de fazer, ficava somente o que somos. É este "o que somos", verdadeiramente, que tem que ser trabalhado, aceite, amado, melhorado. É este "o que somos" que vamos devolver a Deus quando partirmos. Penso muitas vezes sobre o que serei capaz de apresentar ao Pai. A este Pai que me tem abençoado tanto e acreditado tanto em mim. Que me tem amado tanto mesmo quando não sou capaz de escolher o que é melhor. Pai, se tu acreditas em mim, como posso eu não acreditar? O amor é a maior força do Universo. Como posso eu desperdiçar uma força tão bonita? Como posso eu não honrar o amor que me dedicas? As perguntas que se impõem...

E tudo isto com tanta Liberdade! A vida é MARAVILHOSA!

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